quarta-feira, 9 de maio de 2018

Índice



1
OS SONS

2
AS PALAVRAS

3
AS FRASES
da Sintaxe

4
O TEXTO e o DISCURSO

5
O SIGNIFICADO
da Semântica e da Pragmática

6
A VARIAÇÃO e a MUDANÇA





As áreas da gramática (ou melhor: as disciplinas da Linguística)

"Simplificando, pode dizer-se que a linguística reconhece, de forma mais ou menos estável, um conjunto de diferentes disciplinas. 

Em alguns casos, as disciplinas são fundadas a partir da identificação de unidades de análise (para os sons, a fonologia e a prosódia; para as palavras, o léxico e a morfologia; para as frases, a sintaxe; e para o texto, a linguística textual).


Noutros casos, a identificação das disciplinas assenta na atenção dada à construção do significado dos enunciados (como a semântica e a pragmática).

Noutros ainda a linguística pode centrar a sua atenção  no conhecimento da variedade linguística  dominante (que é o dialeto socialmente mais prestigiado, falado na contemporaneidade por um maior número de pessoas, e geralmente designado como norma-padrão), ou no estudo da variação, quer no tempo (que cabe à linguística histórica) quer no espaço (com a dialetologia e a linguística comparada)."
Maria Helena Mira Mateus e Alina Villalva

Fonte: O essencial sobre Linguística. Lisboa: Caminho, 2006, pp. 56-57.



Oração subordinada adverbial consecutiva


7. Oração subordinada adverbial consecutiva

Subordinada adverbial que exprime a consequência de um facto apresentado na subordinante; em alguns casos, exprime-se a consequência do grau em se verifica dado facto apresentado na subordinante. Na medida em que podem exprimir o grau, as consecutivas são, como as comparativas, consideradas construções de graduação.

Nota: Consecução = ato ou efeito de conseguir. Consecutivo = sucessivo; que se segue imediatamente.

Exemplos:

Subordinadas consecutivas finitas:

(i) Ele é tão gordo [que partiu a cadeira].
(ii) A festa foi tal [que durou até de madrugada].
(iii) Correu tão depressa [que tropeçou].
(iv) Comi tanto ao almoço [que acho que não vou jantar].

Subordinada consecutiva não finita:

- Infinitiva:
(v) Ele foi estúpido [a ponto de deixar a escola].

As subordinadas consecutivas diferem claramente dos outros tipos de subordinadas adverbiais, já que:
(a) muitas vezes, modificam especificamente um elemento da subordinante e não toda a subordinante;
(b) não têm geralmente muita mobilidade na frase:

(i) Ele é tão grande [que bate com a cabeça nas portas].
(ii) *[Que bate com a cabeça nas portas], ele é tão grande.


Oração subordinada adverbial comparativa


6. Oração subordinada adverbial comparativa

Subordinada adverbial que expressa o grau e que, por essa razão, é considerada uma construção de graduação (tal como acontece com as subordinadas consecutivas).
As subordinadas comparativas são frequentemente construções elípticas, isto é, construções em que algo está elidido, nomeadamente, a forma verbal ou o grupo verbal na oração subordinada.

(i) O meu bolo é mais doce [do que o teu].
= do que o teu é doce.

(ii) Esta casa é mais bonita [do que a outra].
= do que a outra é bonita.

(iii) Ela dança tão bem [como canta].

(iv) Ela está a envelhecer mais [do que a própria mãe].
= do que a própria mãe está a envelhecer.

(v) A Rute comprou mais discos [do que livros].
= do que comprou livros.

(vi) Ele nada mais [do que eu corro].

As subordinadas comparativas diferem claramente dos outros tipos de subordinadas adverbiais, já que:

(a) muitas vezes, parecem relacionar-se especificamente com um elemento da subordinante e não com toda a subordinante;

(b) não têm geralmente muita mobilidade na frase:
(vii) Comprei mais livros [do que tu].
(viii) *[Do que tu], comprei mais livros.



Oração subordinada adverbial condicional


5. Oração subordinada adverbial condicional

Subordinada adverbial que exprime a condição em que se verifica o facto expresso pela proposição contida na subordinante.
Do ponto de vista semântico, as condicionais podem ser classificadas em três tipos: factuais ou reais; hipotéticas; contrafactuais ou irreais.

Exemplos:

Subordinadas condicionais finitas:

(i) [Se comeste chocolate], tinhas fome. (factual)
(ii) [Se comer chocolate], fico com alergia. (hipotética)
(iii) [Se comesse chocolate], ficaria com alergia. (contrafactual)

Subordinada condicional não finita:

- Infinitiva:
(iv) [A acreditar no que ele diz], ela mentiu. (hipotética)

- Participial:
(v) [Destruídos os moldes], não será possível reconstruir a peça. (hipotética)

- Gerundiva:
(vi) [Participando nessa exposição], estarás lançado como artista. (hipotética)


As condicionais podem ser utilizadas para veicular outros valores semânticos, como dúvida (i) ou alternativa (ii):
(i) Se és tão amigo dele, empresta-lhe o dinheiro.
(ii) Se havia de ficar em casa, fui antes para o cinema.




Oração subordinada adverbial concessiva


4. Oração subordinada adverbial concessiva

Subordinada adverbial que transmite uma ideia de contraste face a um pressuposto expresso ou implícito na subordinante.
Estas subordinadas podem ter valores factuais ((i), (iii)) ou condicionais (ii).

Nota: Concessão = ato ou efeito de conceder. Conceder = consentir, permitir. Por ex., o que se concede num debate ou discussão.

Exemplos:


Subordinadas concessivas finitas
(i) A Maria, [embora tenha fome], não é capaz de comer.
(ii) [Mesmo se tiver fome], não serei capaz de comer.

Subordinadas concessivas não finitas:
Infinitiva:
(iii) [Apesar de ter fome], a Maria não é capaz de comer.

Gerundiva:
(iv) [Mesmo gostando de feijoada], hoje não vou a tua casa.

Participial:
(vi) [Mesmo arrumada], a casa parece um caos.