sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Pragmática


Definição 1

"Termo muito antigo nos discursos jurídico e filosófico, mas que foi introduzido, com nova acepção, no estudo dos fenómenos significativos e comunicacionais, em 1938, pelo filósofo norte-americano Charles Morris, que com ele designou a subdisciplina da semiótica que analisa as relações dos signos com os seus usuários ou intérpretes.
Esta acepção muito alargada do termo restringiu-se, ao longo das últimas quatro décadas, ao estudo da linguagem verbal, podendo definir-se a pragmática como a análise das relações existentes entre as formas linguísticas, por um lado, e os participantes no processo comunicativo e o contexto de comunicação, por outra parte, ou seja, aqueles factores que condicionam e determinam o uso da linguagem e que não são analisáveis em termos puramente gramaticais.

A pragmática não constitui uma nova componente da linguística da língua como sistema, acrescentada à fonologia, à morfologia, à sintaxe e à semântica, mas sim uma perspectiva de análise cognitiva, social e cultural dos fenómenos pertencentes a cada uma daquelas áreas da linguística. A pragmática analisa portanto o funcionamento significativo e comunicativo da linguagem no seu uso real em discursos e textos e a intencionalidade comunicativa de quem nestes fala ou escreve." - IN: DT.

Retórica


 Definição 1
"Arte, no sentido da palavra grega techne – conjunto sistematizado de preceitos para, através da sua aplicação, alcançar a consecução de um determinado fim –, que estuda, organiza e ensina a aplicar os princípios e as regras da elaboração do discurso correto e elegante (ars recte et bene dicendi) que tem como finalidade fundamental persuadir o auditório, mediante a argumentação, a utilização adequada dos sentimentos e das emoções.

A retórica, como disciplina que ensina a construir o discurso e a ordenar o debate argumentativo numa particular situação comunicativa, tendo em consideração o contexto extraverbal, o interlocutor e a matéria em causa, é uma arte eminentemente pragmática que, ao longo de séculos, foi precursora das atuais análise do discurso e linguística textual." - In: DT.

Análise do discurso


 Definição 1
"A definição desta disciplina recente é bastante variável, segundo as orientações teóricas e os autores e, como é evidente, conforme se definem os termos discurso e texto.
Para alguns autores, a análise do discurso funda-se no estudo das relações entre o discurso e o seu contexto extraverbal, distanciando-se por isso daqueles estudos de pragmática que se ocupam de enunciados descontextualizados.
Para outros autores (Van Dijk, por ex.), consiste no estudo do “uso real da língua, com locutores reais, em situações reais”. Este conceito está muito próximo do conceito predominante na área anglo-norte-americana, na qual se entende por análise do discurso o estudo da atividade interacional que é a conversação (conversation analysis) e mantendo estreitas relações com a etnometodologia, isto é, com uma abordagem dinâmica e construtivista da ordem social. Estas orientações privilegiam o estudo dos discursos orais.

Uma orientação relevante e muito influente da análise do discurso, que tem uma matriz marxista mediada por pensadores como Bakhtine, Althusser e Foucault, estuda as relações dos dispositivos da enunciação e das práticas discursivas com as instâncias do poder social, político e ideológico. Nesta perspectiva, que aqui se adopta, a linguística textual é considerada como um subdomínio do campo mais vasto da análise do discurso, que tanto se ocupa do discurso oral como do discurso escrito." - In: DT.

Linguística textual


 Definição 1
"Nas últimas décadas do século XX, desenvolveu-se uma orientação da linguística que, do ponto de vista etimológico, metodológico e analítico, deixou de considerar a frase como a unidade máxima da análise linguística, porque existem fenómenos linguísticos insusceptíveis de serem analisados e explicados no âmbito da frase, e que considera o texto, escrito e falado, como a unidade fundamental da análise linguística.

No início, teve alguma fortuna a designação de gramática textual, que foi sendo abandonada por demasiado restritiva. À medida que se foi tornando evidente que a dimensão linguística é apenas uma das dimensões do texto e que há fenómenos, como a coerência textual e a interpretação textual que dependem também de factores extralinguísticos, foi ganhando aceitação a designação de teoria do texto." - In: DT.