quarta-feira, 2 de maio de 2018

Subordinação entre frases - frases subordinadas

Subordinação entre frases:


Orações subordinadas – esquematização

Tipo
Conjunções / Pronomes
(locuções conjuncionais)
Exemplos
Substantiva
(são sujeito ou complemento de um verbo, nome ou adjetivo)
Completiva
(completam a estrutura argumental)
Conjunções: que, se, para
O Luís disse que desejava cantar.
Relativa
(são introduzidas por pronomes relativos)
Pronomes: quem, o que, onde, quanto
O Luís procura quem o ajude na escola.
O Pedro pede dinheiro a quem tiver.
O avô precisa de quem cuide dele.
Adjetiva
(desempenham uma função sintática própria de um adjetivo)
Relativa
Restritiva
(desempenham a função sintática de modificador restritivo)
pronome relativo que
Tenho medo de animais que rastejam.
As flores que me deste cheiram bem.
Relativa explicativa
(desempenham a função sintática de modificadores apositivos)
pronomes relativos: que, quem, o qual (os quais, a qual, as quais), cujo (cujos, cuja, cujas), quanto (s), quanta (s) e onde (separados do antecedente por vírgulas)
A nossa História, que é um fator de identidade, devia ser bem estudada.

Os filhos de D. João I, cujos nomes já esqueci, são conhecidos pelo epíteto de «ínclita geração».
Adverbial
(desempenham a função sintática de modificador da frase ou do grupo verbal)
Causal
(relação de causa)
porque, pois, como,
visto que, uma vez que,
já que,...
Ele não foi à escola, porque está doente.
Temporal
(relação de tempo)
quando, enquanto, mal, apenas, sempre que,
antes que, logo que, depois que, até que,...
Por favor, descasca as batatas, enquanto eu ponho a mesa.
Final
(indicam finalidade)
que, para que,
a fim de que
Vieram para ver o filme.
Concessiva
(indicam uma concessão)
embora, conquanto que,
ainda que, apesar de,
mesmo que, posto que,...
Mesmo arrumada, a casa parece um caos.
Condicional
(indicam uma condição)
se, a não ser que, salvo se,
desde que, a menos que, exceto se, ...
Se comeste chocolate, tinhas fome.
Comparativa
(indicam uma comparação)
como, conforme,
segundo, qual, quanto,
mais... (do) que,
bem como, assim como,...
Ela dança tão bem como canta.
Consecutiva
(relação de consequência)
que, de maneira que, de modo que, de forma que, de sorte que,...
Correu tão depressa que tropeçou.


1.

Oração subordinada substantiva


Oração subordinada que é sujeito ou complemento de um verbo (i), nome (ii) ou adjetivo(iii).

Exemplos:


(i)
(a) O Manuel quer [comer bolo].
- a oração substantiva é complemento direto do verbo “querer”

(b) Surpreende-me [que esteja a chover].
- a oração substantiva é sujeito do verbo “surpreender”

(ii) A decisão [de invadir aquele país] foi absurda.
- a oração substantiva é complemento do nome "decisão"

(iii) Esta porta é fácil [de abrir]
- a oração substantiva é complemento do adjetivo "fácil".


1. Oração subordinada substantiva completiva

Oração subordinada substantiva que é sujeito ou complemento de um verbo, nome ou adjetivo, podendo ser introduzida pelas conjunções subordinativas completivas "que" (i), "se" (ii) e "para" (iii).
As subordinadas substantivas completivas podem ser finitas ou não finitas (iv), consoante o verbo se encontre numa forma verbal finita [todas as formas verbais à exceção das do infinitivo, gerúndio e particípio] ou não finita.

Exemplos:

(i) O Luís disse [que desejava cantar].
(ii) A mãe perguntou [se queremos jantar já].
(iii) A professora pediu [para sair mais tarde].
(iv) O Manuel afirmou [adorar música chilena].

2. Oração subordinada substantiva relativa

Oração subordinada substantiva que é introduzida por pronomes relativos como os listados em (i)
e que pode ocorrer no mesmo contexto em que ocorrem constituintes que desempenham as funções sintáticas de sujeito (ii), de complemento direto (iii),de complemento indireto (iv),de complemento oblíquo (v) e de modificador do grupo verbal (vi).

As subordinadas substantivas relativas podem ser finitas ou não finitas, consoante o verbo se encontre numa forma verbal finita ou não finita.

Exemplos:


(i) quem, o que, onde, quanto.

(ii) [Quem vai ao mar] perde o lugar.
(iii) O Luís procura [quem o ajude na escola].
(iv) O Pedro pede dinheiro a [quem tiver].
(v) O avô precisa de [quem cuide dele].
(vi) Ela compra roupa [onde calha].


2.

Oração subordinada adjetiva

Oração subordinada que desempenha uma função sintática própria de um adjetivo, conforme (i) e (ii).
As orações subordinadas adjetivas apresentadas nos exemplos exercem a função sintáctica de modificadores restritivos (iii) e apositivos (iv).

As subordinadas adjetivas podem ser relativas ou gerundivas (ver nota 1).

Exemplos:


(i) Os alunos [que estudam] têm bons resultados.
(ii) Os alunos [estudiosos] têm bons resultados.
- nas frases (i) e (ii), a relativa "que estudam" e o adjetivo "estudiosos" estão a modificar o nome "alunos".

(iii) Os homens [que assaltaram a minha casa] eram assustadores.
(iv) Os homens, que são mamíferos, têm semelhanças com os chimpanzés.


Notas:

1. Algumas orações gerundivas são subordinadas adjetivas, uma vez que desempenham a função de modificadores do nome (v):

Ex. Os livros [contendo erratas] devem ser postos fora do mercado.
- A gerundiva está a modificar o nome "livros".


Oração subordinada adjetiva relativa

Oração subordinada adjetiva que é introduzida por um pronome relativo associado a um antecedente [Antecedente é a expressão lexical a que o pronome relativo está associado e que é modificada pela oração relativa].

Os pronomes relativos não têm referência autónoma e é a relação com o antecedente que permite a identificação do seu referente (cf. (i) e (ii)).

Exemplos:


(i) Os alunos [que são inteligentes] não precisam de estudar tanto.
-"os alunos" é o antecedente do pronome relativo "que".

(ii) Os alunos [a quem negaram explicações] têm o direito de repetir os exames.
-"os alunos" é o antecedente do pronome relativo "quem".



1. Oração subordinada adjetiva relativa restritiva

Oração subordinada adjetiva relativa, introduzida pelas palavras relativas em (i), que tem a função de restringir a informação dada sobre o antecedente, ou seja, de identificar a parte ou a entidade precisa do domínio denotado pelo antecedente (ii).
As relativas restritivas desempenham a função sintáctica de modificador restritivo (iii).

Exemplos:


(i) "que", "quem", "o qual" ("os quais", "a qual", "as quais"), "cujo" ("cujos", "cuja", "cujas"), "quanto" ("quantos", "quantas") e "onde".

(ii) Os poemas [que foram escritos por Neruda] são património da humanidade
= do conjunto de todos os poemas, o subconjunto constituído pelos da autoria de Neruda é património da humanidade.

(iii) Os meus alunos [que estudam] têm boas notas.
= do conjunto de todos os meus alunos, têm boa nota os que estudam.


2. Oração subordinada adjetiva relativa explicativa

Oração subordinada adjetiva relativa, introduzida pelas palavras relativas em (i), que contribui com informação adicional sobre o antecedente.

Nas frases com relativas explicativas, a denotação do antecedente do pronome relativo é a mesma, independentemente da presença da relativa, como a comparação entre (ii) e (iii) mostra.

As relativas explicativas desempenham a função sintática de modificadores apositivos (iv).

Algumas relativas explicativas são introduzidas por um pronome relativo que retoma semanticamente o conteúdo de uma frase, desempenhando, nesses casos, a função de modificadores da frase (v).

Exemplos:


(i) "que", "quem", "o qual" ("os quais", "a qual", "as quais"), "cujo" ("cujos", "cuja", "cujas"), "quanto" e "onde".

(ii) A literatura, [que é imortal], encanta os estudantes.
= o conjunto de todas as entidades denotadas como literatura é imortal e encanta os estudantes.

(iii) A literatura encanta os estudantes.
= o conjunto de todas as entidades denotadas como literatura encanta os estudantes)

(iv) O escritor, [que nasceu no Brasil], ganhou o prémio Nobel.
- a relativa está a modificar o nome "o escritor".

(v) O escritor ganhou o prémio Nobel, [o que envaideceu a sua família].
- a relativa está a modificar toda a frase que a antecede, exprimindo uma propriedade que qualifica o evento descrito pela frase subordinante, ou seja, a propriedade "envaidecer toda a família" modifica o evento "o escritor ter ganho o prémio Nobel")


Notas:

1. As relativas explicativas podem ser parafraseadas por qualquer modificador apositivo, como se verifica em (vi) e (vii). Por essa razão, as explicativas são também denominadas apositivas.

Exemplos:
(vi) A literatura, [que é imortal], encanta os estudantes.
(vii) A literatura, [arte imortal], encanta os estudantes.


3.

Oração subordinada adverbial

Oração subordinada que desempenha a função sintática de modificador da frase ou do grupo verbal.

Exemplos:

- Subordinadas adverbiais que modificam o grupo verbal:

(i) Usavas o cabelo comprido [quando te conheci].
(ii) Queria convidar-te a ir a minha casa [para te mostrar as fotografias].


- Subordinadas adverbiais que modificam a frase:

(iii) A Teresa perde outro ano, [se não estudar].
(iv) A Teresa consegue passar, [embora não estude].


1. Oração subordinada adverbial causal

Subordinada adverbial que exprime a razão, o motivo (a causa) do evento descrito na subordinante ou que apresenta uma justificação para o que é expresso na subordinante.
As subordinadas causais podem ser finitas ou não finitas.

Exemplos:


Subordinadas causais finitas:
(i) [Como a Maria estava doente], o João não quis sair.
(ii) Vem depressa para casa, [porque o jantar está na mesa].

Subordinadas causais não finitas:
- Infinitivas:
(iii) Eles não vêm à festa [visto estarem com sarampo].
(iv) [Por perder o comboio], chegou três horas atrasada.
(v) [À força de insistir], consegui a informação.
- Participial:
(vi) [Descoberta a epidemia de sarampo], a população foi posta de sobreaviso.
= a população foi posta de sobreaviso, visto ter sido descoberta a epidemia de sarampo.
- Gerundiva:
(vii) [Estando os miúdos com sarampo], é possível que os pais não venham à festa.
= é possível que os pais não venham à festa, visto que os miúdos estão com sarampo.




2. Oração subordinada adverbial temporal

Subordinada adverbial que estabelece a referência temporal em relação à qual a subordinante é interpretada.
As subordinadas temporais podem ser finitas ou não finitas.

Exemplos:


Subordinadas temporais finitas:
(i) [Quando acabar o trabalho], vou ao cinema.
(ii) A Teresa, [assim que acabou o trabalho], foi ao cinema.

Subordinadas temporais não finitas:
- Infinitiva:
(iii) [Até acabares o trabalho], a nossa vida vai ser complicada.
- Participiais:
(iv) [Uma vez conquistada a cidade], as tropas partiram.
(v) [Batidas as claras], deve juntar-se a baunilha.
- Gerundivas:
(vi) [Tendo devorado uma caixa de chocolates], acabei o trabalho.
(vii) [Chegando a casa], cruzei-me com a minha prima.
(viii) [Em chegando a casa], telefono-te.


3. Oração subordinada adverbial final

Subordinada adverbial que exprime o propósito, a intenção (finalidade) da realização da situação descrita na subordinante.
As subordinadas finais podem ser finitas ou não finitas.

Exemplos:


Subordinada final finita:
(i) [Para que a minha filha ficasse contente], convidei o Pedro.

Subordinada final não finita:
- Infinitiva:
(ii) Vieram [para ver o filme].



4. Oração subordinada adverbial concessiva

Subordinada adverbial que transmite uma ideia de contraste face a um pressuposto expresso ou implícito na subordinante.
Estas subordinadas podem ter valores factuais ((i), (iii)) ou condicionais (ii).

Nota: Concessão = ato ou efeito de conceder. Conceder = consentir, permitir. Por ex., o que se concede num debate ou discussão.

Exemplos:


Subordinadas concessivas finitas
(i) A Maria, [embora tenha fome], não é capaz de comer.
(ii) [Mesmo se tiver fome], não serei capaz de comer.

Subordinadas concessivas não finitas:
Infinitiva:
(iii) [Apesar de ter fome], a Maria não é capaz de comer.
Gerundiva:
(iv) [Mesmo gostando de feijoada], hoje não vou a tua casa.
Participial:
(vi) [Mesmo arrumada], a casa parece um caos.


5. Oração subordinada adverbial condicional

Subordinada adverbial que exprime a condição em que se verifica o facto expresso pela proposição contida na subordinante.
Do ponto de vista semântico, as condicionais podem ser classificadas em três tipos: factuais ou reais; hipotéticas; contrafactuais ou irreais.

Exemplos:


Subordinadas condicionais finitas:
(i) [Se comeste chocolate], tinhas fome. (factual)
(ii) [Se comer chocolate], fico com alergia. (hipotética)
(iii) [Se comesse chocolate], ficaria com alergia. (contrafactual)

Subordinada condicional não finita:
- Infinitiva:
(iv) [A acreditar no que ele diz], ela mentiu. (hipotética)
- Participial:
(v) [Destruídos os moldes], não será possível reconstruir a peça. (hipotética)
- Gerundiva:
(vi) [Participando nessa exposição], estarás lançado como artista. (hipotética)


As condicionais podem ser utilizadas para veicular outros valores semânticos, como dúvida (i) ou alternativa (ii):
(i) Se és tão amigo dele, empresta-lhe o dinheiro.
(ii) Se havia de ficar em casa, fui antes para o cinema.

6. Oração subordinada adverbial comparativa

Subordinada adverbial que expressa o grau e que, por essa razão, é considerada uma construção de graduação (tal como acontece com as subordinadas consecutivas).
As subordinadas comparativas são frequentemente construções elípticas, isto é, construções em que algo está elidido, nomeadamente, a forma verbal ou o grupo verbal na oração subordinada.

Exemplos:


(i) O meu bolo é mais doce [do que o teu].
= do que o teu é doce.

(ii) Esta casa é mais bonita [do que a outra].
= do que a outra é bonita.

(iii) Ela dança tão bem [como canta].

(iv) Ela está a envelhecer mais [do que a própria mãe].
= do que a própria mãe está a envelhecer.

(v) A Rute comprou mais discos [do que livros].
= do que comprou livros.

(vi) Ele nada mais [do que eu corro].

As subordinadas comparativas diferem claramente dos outros tipos de subordinadas adverbiais, já que:

(a) muitas vezes, parecem relacionar-se especificamente com um elemento da subordinante e não com toda a subordinante;

(b) não têm geralmente muita mobilidade na frase:
(vii) Comprei mais livros [do que tu].
(viii) *[Do que tu], comprei mais livros.



7. Oração subordinada adverbial consecutiva

Subordinada adverbial que exprime a consequência de um facto apresentado na subordinante; em alguns casos, exprime-se a consequência do grau em se verifica dado facto apresentado na subordinante. Na medida em que podem exprimir o grau, as consecutivas são, como as comparativas, consideradas construções de graduação.

Nota: Consecução = ato ou efeito de conseguir. Consecutivo = sucessivo; que se segue imediatamente.

Exemplos:


Subordinadas consecutivas finitas:
(i) Ele é tão gordo [que partiu a cadeira].
(ii) A festa foi tal [que durou até de madrugada].
(iii) Correu tão depressa [que tropeçou].
(iv) Comi tanto ao almoço [que acho que não vou jantar].

Subordinada consecutiva não finita:
- Infinitiva:

(v) Ele foi estúpido [a ponto de deixar a escola].

As subordinadas consecutivas diferem claramente dos outros tipos de subordinadas adverbiais, já que:

(a) muitas vezes, modificam especificamente um elemento da subordinante e não toda a subordinante;

(b) não têm geralmente muita mobilidade na frase:

(i) Ele é tão grande [que bate com a cabeça nas portas].
(ii) *[Que bate com a cabeça nas portas], ele é tão grande.